Por Wesley Sousa – graduando em Filosofia pela UFSJ
“Bolha é tudo aquilo que nos limita, mas, ao mesmo tempo, nos protege. Bolha é tudo aquilo que nos ilude sobre a natureza da realidade e ao mesmo tempo, serve como apoio para prosseguirmos vivendo.”
A “bolha social” na Internet:
Dias atrás vi um vídeo de um sujeito chamado Felipe Castanhari intitulado: “Você está em uma BOLHA SOCIAL? Descubra!”. Nele o youtuber fala ABERTAMENTE que estamos em “paralisia intelectual”, no qual diz que não conseguimos conversar tranquilamente sobre assuntos mais delicados ou assuntos políticos.
“Por que ‘necessária’?”
Simples. Quando nos deparamos com alguém que “pensa diferente de nós” quando o assunto é homofobia, devemos manter-nos “amigos” de quem acha que “homossexuais são aberrações”?
Percebam: não trata aqui de “bolha social” ou “democracia”. Trata-se, portanto, de respeito, tolerância e humanidade! Independentemente de ser ou não “liberdade de expressão” quando esse amigo ou conhecido de Facebook ou WhatsApp, compartilha ou posta algo desse teor.
Até mesmo o filósofo da ciência, Karl Popper, escreveu em um de seus livros: “Menos conhecido é o paradoxo da tolerância: tolerância ilimitada leva ao desaparecimento da tolerância. Se estendermos tolerância ilimitada até mesmo para aqueles que são intolerantes, se não estivermos preparados para defender a sociedade tolerante contra a investida dos intolerantes, então os tolerantes serão destruídos, e a tolerância junto destes.” (A Sociedade aberta e seus inimigos).
Então percebemos claramente que o “antagonismo” de ideias por si só já é algo problemático sem termos parâmetros para tal.
Na nossa história, desde antes mesmo de nascermos, as “bolhas” já existiam. Tudo é um processo. E na Internet, quando damos vozes uma das consequências dessa banalidade da “liberdade e tolerância” aos intolerantes, a consequência é o aumento de casos de intolerância religiosa, xenofobia e racismo, por exemplo.
Quando tratamos com falso-moralismo essa barbárie travestida de “intelectualidade”, pessoas que antes poderiam ter pudores em manifestar uma opinião mais controversa ganham confiança ao encontrar outros com visões semelhantes, sendo encorajados a expressá-las.
A mídia corporativa burguesa também trata de fazer seu trabalho sujo, ideológico, tudo para manutenção da lógica do capital!
A informação em rede, portanto, não democratiza o conhecimento, expõe as diferenças já existentes de alguma maneira! O conhecimento não foi democratizado. Muito pelo contrário. A Internet pode nos proporcionar enormes possibilidades de pesquisa, entretanto, para aproveitar tais ferramentas é preciso um amplo conhecimento prévio e bom manuseio.
Na realidade, a Internet é só o expoente do que se é na vida real. O que fazemos, pensamos; aquilo que concordou em ideias, etc. torna-se evidente nas redes sociais. Então é natural que bolhas se formem – conscientes disso ou não.
Vejamos mais: se
Assim, ver algo que não gosta ignorar ou rechaçar é normal e instintivo. É a única coisa que você pode fazer pela saúde do Facebook. E não se trata de “bolha”, mas de sanidade mental e não “paralisia”. Vá para a janela do seu quarto ou qualquer lugar e respire fundo, mas não informe o algoritmo, pois achará que você ‘gostou’ pelo fato de “pensar diferente”…
Bolha social real:
“A amizade é uma alma com dois corpos”. – Aristóteles.
Na mais normal que “bolhas sociais” em nossa vida. Na infância tínhamos amiguinhos dos quais nos identificávamos mais; e outros menos. Gostos em comum, aptidões, etc. tudo fazem parte de nossa sociabilidade. Aqueles amigos que nos transmitiram “segurança”, ou seja, confiabilidade e reciprocidade. Desenvolvemos juntos os caminhos para nortear nossa vida social, nos fortalecemos. Não há possibilidade de salvar a sociedade se não salvarmos os indivíduos. Por outro lado, a sociedade nada mais é do que o conjunto de indivíduos. Portanto, uma sociedade sem indivíduos é uma mera abstração (sem qualquer impacto na realidade).
E isso ocorre principalmente porque é nossa tendência natural categorizar, racionalizar e simplificar o universo desconhecido e complexo até converter a amplidão discernível em um mundinho em primeiro lugar conhecido, num segundo momento confortável, e numa terceira etapa de organização de mundo.
O “pensar diferente”, o pensamento crítico, é algo para ser usado para objetividade, não sendo construído apenas ouvindo todo o tipo de opinião. Se assim fosse, o Facebook estaria povoado por grandes pensadores. A capacidade crítica é uma habilidade que precisa ser desenvolvida ao longo do processo de aprendizagem em conjunto, na capacidade de pensar e desconstruir seus pressupostos em sociedade para melhorias e progresso, não em regresso e conservação.Em tal sentido, André
Inclusive, o historiador e professor da Unicamp, Leandro Karnal, disse em uma entrevista no Programa Roda-Viva sobre as pessoas de pensamentos condutas deploráveis: “Minha vó recomendava: não toque tambor para maluco dançar! É um sábio conselho. Não se alimenta a insanidade alheia com argumentos.”.
Fonte: https://acervocriticobr.blogspot.com/2017/03/bolhas-sociais-critica.html#:~:text=A%20chamada%20%E2%80%9Cbolha%20social%E2%80%9D%20%C3%A9,viabilizar%20o%20debate%20e%20afins.
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